quarta-feira, 14 de outubro de 2009

NO RASTO DA LUZ PRATEADA

Falésia

- entre as tendas da praia - junto à falésia - no rasto da luz prateada – recorro à memória. Que se me evoca o pátio: a árvore do júbilo. Vêem-me à tona as imagens da porta entre-aberta. Ante o atelier de cézane - vislumbrei os quadros - o chão de lages escurecido – e as tuas pálpebras escurecidas. Anos mais tarde regressei à velha torre - de pedra e cal. E ao longo da duna – vi o acaso rubro sobre o mar verde e os relâmpagos reflectidos. Da próxima vez, demorar-me-ei. Dir-te-ei a cláusula celeste. O que se repercute na voz em meio às naves.

Sereia

-lembro um diagrama antigo - a melancolia mesopotâmica - um resto de nogueira de altenburgo - um cacto na minha parede do sexto andar – o retrato do jovem ésquilo ali mesmo – sob a ponte de brooklim – a amplitude do deserto - sempre recomeçado - a terra extenuada que me prende – voz inimitável – da sereia – que me impele à doce ciência de que vivo - o cemitério marinho – sobre o ouro e a pedra – inflexível -

Ambrósia

1.
- como tirésias - a toda a hora me confunde a cegueira - instantâneo visionador - guardo as imagens do inexcedível - a ambrósia dos deuses – o azul e a pedra - o que transbordou da inépcia – a espuma do nada e a voz do incêndio –
2.
- o que vacila na luz – sobre o empedrado – minha vereda – precipício mudo -
3.
- sob as nuvens convulsas - esse corpo da insónia - na tela colada ao céu indefinidamente –
4.
- o azul das ondas - por sobre as estrelas - o que se repercute no silêncio dos icebergs - a baleia branca de herman melville -
.
Estrada azul

- quem se aparta desnudo , passo ledo, pela estrada azul, da luz volúvel se nutre? cego expulso dos dias futuros na inacção renuncia? A deus, o seu poder oculto - ?

Presença porosa

Tudo retorna ao impreciso, a douta ignorância, sobre a luz inobjectiva. Num relance torno-me díspar. Descortino a forma, o ocre. A presença porosa. O insensato delírio da pintura. Onde me encontro, lá estás. Procuro saber que voz resgata o meu passado. Minha cegueira, solidão, não mais pode ser mantida.

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