sexta-feira, 20 de maio de 2011

ISAAC BABEL, VÉSPERA SABÁTICA

1.

Isaac Babel há-de chegar - com a cavalaria vermelha - presságio do dúbio -

Entre as nuvens- caminho de ninguém - a véspera sabática - da cegueira -

Sob a côr púrpura - a chama - da escrita - na cabeça - lâmpada do prolífico -

Brisa maior - da treva - a infranqueável lucidez - irrepetível grito - na noite -

2.

Invocando odessa - a saciedade da pedra - que nos devasta - e se precepita -

Os mapas - da sonolência - lábios do sedento - pretexto do bosque indistinto -

Por detrás da impenetrável ferida - o obscuro amigo - a memória do implacável -

Luz desvanecida - do aéreo - a nudez - do ultraje - cárcere - serpente inacessível -

terça-feira, 10 de maio de 2011

CRISE DECISIVA - UNÂNIME OBSCURO - ARITMÉTICA DO INFAME

1.

Quem desfila - apressado - no meio de uma tempestade - em chamas - antevê -

O palco - da inépcia? - A nuvem suicida - do sono - a morfina - sumptuoso - animal -

E sob a curva do céu - vem pedir socorro? - Ilumina - a retina - mente - senil ? -

Quem fixa a inadiável cegueira - do visível? - Frente ao decrépito - perpetua -

De novo o inócuo - e o insignificante? - Nos confins do infame - o transe ? -


2.

Entre os códices do exacerbado - o voo dos corvos e das carpas - a lucidez do recôndito -

Este saber do incauto - sobre as cisternas - do irecuperável - o revólver - a erva e o caule -

Lâmpada de cal - na argila rasa - os ditames do díspar - canais e levadas - imagens do parco -


3.

Quem perpetua o abismo iminente - este naufrágio sem espectador - o nada e o aquém? -

No emanharado - da comercialização maciça - vislumbra - a aritmética do infame? -

E sucumbe ao ardil bancário - a insensatez? - Na errância - perambular - donde vem? -

Desperto e incissivo - se extenua - na clareza - do hostil - o labor do sacrílego? -


4.

Em vão procuro a enfastiada lucidez - o detalhe - que me cega - entre - visto -

A crise decisiva é algo de crónico na humanidade - a intransigência vacila -

Nenhum tempo é justo - o vazio se propaga - o logro - a indigente lucidez -

O unânime – obscuro - golpe e ferida – que esqueço - viscosidade do anônimo -

5.

Estou apto para o circum-mundo - a torre de pedra - a casa cárcere - o patíbulo -

Nessa nudez - na calle - o sentimento que prevalece é de um fim - de uma extinção –

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A MORFINA DO ILÍCITO - O INDAGAR DO AÉREO - DÚBIO ANIMAL - DICÇÃO -

1.

Nas suas veias - a morfina do ilícito - táctil - eclosão do exangue - osso e pupila -

O indagar do aéreo - ciosa cegueira - do visível - altas varandas - de calcário -

2.

Relutância da lâmina - erva do exacto - caligrafia breve - juncos - na parede nua -

Nuvem que deflagra e se amplia - através do areal - prado - galgo - argila rasa -

3.

A ostensiva - geometria - do anônimo - pedra do avesso - arco celeste - canavial -

Dúbio animal - laje - várzea - campo arado - constância dos baixios - umbral -

4.

Prolixa imagem - do cacto - sobre o sono - pavimento nocturno - cenografia - foco -

Embaciada luz - sôfrega mente - cingida dicção - cal do deserto - avesso do pulmão -

domingo, 1 de maio de 2011

VILANIA - HIDRA - BANCÁRIA - RASTRO DO DESASTRE - DESVELO E INDIFERENÇA - JAURÈS

Desconheces as invectivas exultantes - dos comissários - infames arautos - da insígnia - bancária -

Pela hidra - o desdém - fraseologia dos magnates - as barricadas - do alto da tribuna -

O que se dissipa - na palavra - de jaurès - grafonola - na rastro - do caos - grito -

Lucidez e escárnio - que nos faz correr - sobre o malogro - exultante - aridez capitalista ? -

Ânsia do politiqueiro - paralisia do homem algemado - desespero que retomas – pelo exausto -

Gracejos da plebe - lumpen proletariado - desvelo e indiferença - certidão de óbito – última parada -

De forçar - a mente ociosa - que nos compele à lisonja vil - a escrita - embuste - dos laureados ? -