quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A BELEZA DO ARCANO

LUZ SONOLENTA

Não me escrevas! Deslumbra!

Sou espanto desnudo do caminho

O rumor de um largo escrito na orla da noite

Sou o prado e a cabra luminosa o que sussurra

Sou o canto indizível num espectro de pedra

Uma luz sonolenta e o orvalho inconsistente

A neve e a erva dócil junto da cisterna

Sou a abóbada e a nave do incêndio

Sob a voz obscura que finda

BOSQUE ERMO

Por sobre o bosque ermo

O relâmpago

Sob os carvalhos

Apenas vejo o vago e o fugaz

Quando o incêndio espreita

TAROT

Torno-me esquivo no alento da pedra

Rendido ao arcano maior do tarot

Sobre a erva me reclino à tua espera

Absorto por sobre o fulgor da lâmpada

Na voz humecida a luz do ininterrupto


INFLAMMATUS ET ACCENSUS

1.
- sem que saiba a beleza do arcano - a insensatez dos versos - a língua do exausto - a minúcia da escrita - o simulacrum - o que se furta ao interminável -

2.
- a voz do anónimo - nessas éclogas - a penumbra do excesso - a minúcia do que tarda - o irrepresentável –

3.
- nesse limite do corpo - o penoso - a exuberantia do incontido - o premente - o inapropriável –

4.
- sou afrodite, corpo enigma, mar de cobalto – o parco e o inexcedido – o léxico e a carência – a clarividência do excesso –

5.
- a demência do láudano - o prévio – o indeterminatum – inflammatus et accensus -

VOZ MUDA DO ARDOR

- sobre o ímpeto alucinado seu corpo exangue - a voz muda do ardor - o incomensurável – a erva muda - donde provenho - a justeza do abrupto – o deserto - o fulgor do irredutível -

Porto, 15 Outubro 2009

1 comentário:

  1. caro alexandre, não podia ser melhor, esta poética exorbitante à vida. abraço amigo

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