LUZ SONOLENTA
Não me escrevas! Deslumbra!
Sou espanto desnudo do caminho
O rumor de um largo escrito na orla da noite
Sou o prado e a cabra luminosa o que sussurra
Sou o canto indizível num espectro de pedra
Uma luz sonolenta e o orvalho inconsistente
A neve e a erva dócil junto da cisterna
Sou a abóbada e a nave do incêndio
Sob a voz obscura que finda
BOSQUE ERMO
Por sobre o bosque ermo
O relâmpago
Sob os carvalhos
Apenas vejo o vago e o fugaz
Quando o incêndio espreita
TAROT
Torno-me esquivo no alento da pedra
Rendido ao arcano maior do tarot
Sobre a erva me reclino à tua espera
Absorto por sobre o fulgor da lâmpada
Na voz humecida a luz do ininterrupto
INFLAMMATUS ET ACCENSUS
1.
- sem que saiba a beleza do arcano - a insensatez dos versos - a língua do exausto - a minúcia da escrita - o simulacrum - o que se furta ao interminável -
2.
- a voz do anónimo - nessas éclogas - a penumbra do excesso - a minúcia do que tarda - o irrepresentável –
3.
- nesse limite do corpo - o penoso - a exuberantia do incontido - o premente - o inapropriável –
4.
- sou afrodite, corpo enigma, mar de cobalto – o parco e o inexcedido – o léxico e a carência – a clarividência do excesso –
5.
- a demência do láudano - o prévio – o indeterminatum – inflammatus et accensus -
VOZ MUDA DO ARDOR
- sobre o ímpeto alucinado seu corpo exangue - a voz muda do ardor - o incomensurável – a erva muda - donde provenho - a justeza do abrupto – o deserto - o fulgor do irredutível -
Porto, 15 Outubro 2009
caro alexandre, não podia ser melhor, esta poética exorbitante à vida. abraço amigo
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